Crónica do ano que passa....

2008 foi um ano excepcional!!

Queria deixar 2 ou 3 notas que documentam esta afirmação (aproveito este ano para deixar notas pois, no próximo, ao que parece, será actividade desaconselhada).

Desde logo porque juntou 4 algarismos, nunca antes alinhados, nem sequer por outra ordem de sequência, na designação de um ano.

Estará o leitor mais atento a reparar que existiu o ano de 2008 a.C. e 8002 a. C. e, por conseguinte, esta minha afirmação é descabida. Faria sentido se eu ressalvasse que me refiro ao período pós Anno Domini. Constatará, ainda, que a fórmula de contagem de anos só há poucos séculos foi normalizada e aceite pela maioria dos povos, o que nos daria aqui discussão até Junho.

Tenho a dizer-lhe, caro leitor mais atento, que se meta na sua vida e não chateie quem trabalha. Vá ser picuinhas para outro blog. Agradecido.

2008 foi, para gáudio de todos os que gostamos de diversão, o ano onde tivemos a oportunidade de assistir à derrocada do sistema financeiro.
Isso, em Portugal, já não ocorria desde 1974.
Minto, 78.
Melhor, 81.
Perdão, 89.
Bom, há uns tempos... já não acontecia há uns tempos.

Foi o ano em que, finalmente, contratámos um seleccionador nascido em Portugal que nos enche de orgulho e vitórias.
Perdão, nascido em Moçambique que nos enche de orgulho e vitórias.
Pronto, nos enche de orgulho e v...
Enfim, que fala português...
Devagar, mas fala...
E nos enche de...
Saudades...
Do outro.

Foi o ano em que o Processo Casa Pia ficou resolvido.
Sabemos que vai ficar resolvido...
Temos essa ideia...
Mas está quase...
Quase...
Achamos.

Para o ano, a crise ameaça tomar conta de nós.

Não acredito.

Sou, por princípio, contra as crises e, já que se toca no assunto, contra tudo o que ameace a minha saúde financeira. Por tal, sou frontalmente contra a Euribor, a Euronext e, especialmente, todas as pessoas que, entre 29 de Janeiro e 21 de Fevereiro não apareçam no Teatro-Bar da Trindade.

Podem ir às 5as, 6as ou Sábados. Podem levar amigos. Ou amigas. Ou desconhecidos com quem tenham travado conhecimento na fila de renegociação de empréstimos de um qualquer banco **. Há economistas que preveêm que comprar bilhetes para o meu espectáculo pode ajudar a combater a crise.

Indagará o mais atento leitor: "Mas em que medida isso ajuda a combater a crise ?? "

Faço um compasso de espera. Não respondo. Ganho tempo. Questiona ainda o leitor mais atento:

" Não será essa uma forma de resolver a SUA crise e agravar a minha tendo em conta que haverá uma transferência de dinheiro da minha conta para a sua através do pagamento de um bilhete ??"

Digo:

Rggggghmmmm...

Insistente, o leitor mais atento, à guisa de provocação, ainda atira: "Não seria mais inteligente eu poupar os 8 € do bilhete e fazer uma amortização no meu crédito habitação ??"

Ao que eu respondo, decidido: "Oiça lá, eu não mandei o leitor mais atento deixar de ser picuinhas e não chatear quem trabalha ??"

E assim, desta forma simpática e paciente, ultrapasso a questão e coíbo-me de apresentar mais explicações (aprendi isto com um amigo que é economista).


Com um abraço,


RicardoV

P.S.: Quanto a "amigos" que cravam bilhetes em vez de pegarem na família e adjacentes e os levarem ao teatro, um recado que me pediram para transmitir: eu, pessoalmente, e passe o pleonasmo, apesar de tudo, adoro-Vos!!

Quanto à minha conta bancária e respectivos produtos associados, mandam dizer que Vós sois equiparáveis a "leitores mais atentos". E, da maneira como me pintaram o 2009, neste novo ano, quem manda em mim não são as minhas vontades. É a minha conta, essa ditadora... ;)

** Dica de engate 2009: Para alem do clássico golpe do hospital, onde as pessoas, naturalmente fragilizadas enquanto esperam notícias animadoras dos seus ente-queridos, fragilidade que (todo o bom engatatão o reconhece, garantiu-me um amigo com gel na cabeça) facilita largamente a bonita e ancestral prática da actividade em epígrafe, prevejo que em 2009 um dos hotspots do engate serão as filas dos bancos. A pessoa está ansiosa, levemente desesperada e cansada de ouvir aquela conversa neo-bancária-de-isto-realmente-é-uma-chatice-mas-a-culpa-é-dos-americanos-aqueles-malandros-capitalistas, logo, está disponível para qualquer história mal engendrada que lhe queiram contar. É aproveitar, rapaziada. Temos de nos distraír da crise de alguma maneira, digo eu.