MOMENTO DA VERDADE

Estava este Vosso companheiro de jornada entretido a reler o "1984" do Dumas Filho. Ou então era "A Dama das Camélias" do Orwell, não estou certo. É possível que esteja a baralhar os autores, não me lembro, mas estava a reler algo, isso posso afirmar sem duvidas, quando me desequilibrei do sofá. Minto, desequilibrei-me do maple. Enfim, foi um desequilibro a partir de alguma coisa que dá para sentar, possivelmente um pouf. De um banco de cozinha lembro-me que não foi, porque estava na sala. Ou talvez fosse, não interessa. O ponto é que caí para cima do botão 3 do meu telecomando MEO. Quinze segundos depois, tempo que o referido serviço de fornecimento de sinal gasta, em média, para a transição de canais, a televisão fixou-se na SIC. E em providencial hora o fez. Estava no ar o “Momento da Verdade”. Prostro-me em reverência para escrever sobre este formato televisivo.


Em 1º lugar trata-se de um programa apresentado pela impagável actriz Teresa Guilherme. Teresa provoca em mim uma atracção inexplicável. Sempre que a vejo fico incapaz, sequer, de me mover, quanto mais trocar de canal. Fico petrificado e inexpressivo a olhar para o ecrã. O meu psiquiatra diz que tem a ver com a minha infância. Em petiz levei uma queixada de um colega de carteira que me abriu a cabeça ao meio. Cabe-me informar que o clínico acompanha a minha saúde mental desde tenra idade e já denota melhorias psíquicas consideráveis. Eu estou cada vez pior mas ele e respectiva conta bancária apresentam uma saúde em estado evolutivo.


Quanto ao programa, o conceito explica-se rapidamente. Propõe-se aos concorrentes, maioritariamente recrutados em hospitais psiquiátricos, bombas de gasolina e lojas dos 300 (é impressionante o numero de lojas que mantêm esta denominação apesar de o EURO já ter entrado em circulação em 2002, adiante!!), que digam a verdade e que a verdade compensa. Para tal servem-se de quê?? De um polígrafo.


O que é um polígrafo?? Não sei. Mas ouvi dizer que é um aparelho cinzento com uma etiqueta vermelha que vê se as pessoas estão a mentir através do ritmo cardíaco, salubridade epidérmica e magia negra finlandesa. Bem sei que a Finlândia não é célebre pelo voo doo e outras carinhosas práticas ancestrais, mas foi o que as minhas fontes me garantiram. Embora eu ande desconfiado que o aparelho não é cinzento, mas amarelo-torrado, e que a etiqueta é azul. Perguntará o leitor (se me seguiu até este ponto, o que eu duvido) que importância terá a cor do aparelho e respectiva etiqueta (se é que há uma etiqueta pois também deste particular não há certezas). Toda a importância!! Tendo em conta que um polígrafo não é cientificamente aceite em parte nenhuma do Mundo (Santo António dos Cavaleiros incluído), a única certeza que a geringonça nos pode oferecer é a cor e, como se percebe, até esse ponto é altamente discutível.


Em suma, oferece-se quantias chorudas de dinheiro aos concorrentes que digam a verdade que o polígrafo quer ouvir (acabámos de chegar à conclusão que o polígrafo, alem de ser cinzento, ou amarelo torrado, com uma etiqueta vermelha, ou azul, se é que realmente tem etiqueta, claro, também tem orelhas). Escusado será dizer que quanto mais polémica e íntima a questão for mais dinheiro se armazena.


À data, ficámos detentores de informações fundamentais para o nosso bem estar e paz de espírito enquanto sociedade, nomeadamente, a confirmação de que o José da Mercearia bate na mulher e aviava 2 homossexuais se lhe pagassem bem, o Luís é militar, bêbado e põe os palitos à sua cara-metade sempre que pode ou tem dinheiro no bolso e a Cátia, para alem de cigana, é tarada sexual. E ainda só vamos na 3ª emissão. Como diria um engenheiro nosso amigo: “Porreiro, pá!!”


Francos cumprimentos,


RicardoV



P.S.: Ando cheio de trabalho e com pouco tempo para inscrições em programas televisivos, não obstante a vontade que tenho após verificar a classe e espírito pedagógico do citado. No entanto, caso queiram fazer o obséquio de me contactar, tenho umas histórias que envolvem o meu periquito Adolfo e o carteiro, dignas de figurar no prime-time de qualquer estação do Mundo. Despachem-se senão vendo isto à TVI.

Aí está ele !!

Professores, esses nossos amigos...

Soube-se hoje (da forma habitual, com os Sindicatos aos berros) que 40 000 professores ficaram este ano sem colocação. Destes, cerca de 20 000 não têm condições para requerer, sequer, o subsídio de desemprego. E destes, a maioria afirmou não ter vocação para assaltar bancos, resgatar caixas Multibanco de hipermercados ou qualquer outra actividade que requeira qualquer dose, ainda que ínfima, de risco e iniciativa. Assim, prevê-se um aumento exponencial no numero de efectivos na classe politíca e co-relacionada, com especial incidência nos sindicalistas.


Proposta: Com todo o respeito pela magnânime sapiência dos senhores professores/sindicalistas, sugiro 2 exercícios complexos e duas questões ingénuas:


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A- Considerando um universo de 50o mil alunos em que cada professor dá aulas, em média, a classes de 30 alunos. Quantos professores são precisos??


Resposta: A


(Para os senhores professores / sindicalistas menos habituados à alta tecnologia aconselho que não resolvam no ecran. É bem capaz de riscar. Arranjem um papel e tomem nota. Contar pelos dedos tambem vale).


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B - Considerando que existem 56 666 professores inscritos para contrato e tomando em consideração a resposta A, quantos professores sobram??


Resposta: B


(Não resolvam no ecran. Xiça!!)


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Questões. Considerando a resposta B.:


1) Qual é o drama??


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2) É assim tão difícil de entender?? Qual parte, caraças??


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(Pronto!! Resolvam no ecran. Que se lixe.)


I rest my case...


(Respostas - caso não tenham manuscrito no TFT na esperança que eu veja em tempo real - para pessoal@ricardovilao.com)


Thanks!!



Cumps,


RicardoV



P.S.: Estes dados são meramente indicativos. Eu não sou o Instituto Nacional de Estatística. Até gostava, mas não tenho estudos para isso. Literalmente.